A Parábola da Vaca
- Clara Borges
- 1 de jun. de 2015
- 3 min de leitura

Esse post é dedicado a uma amigo que trabalha comigo.
Um sábio mestre e seu discípulo andavam pelo interior do país há muitos dias e procuravam um lugar para descansar durante a noite. Avistaram, então, um casebre no alto de uma colina e resolveram pedir abrigo àquela noite. Ao chegarem ao casebre, foram recebidos pelo dono, um senhor maltrapilho e cansado. Ele os convidou a entrar e apresentou sua esposa e seus três filhos. Durante o jantar, o discípulo percebeu que a comida era escassa até mesmo para somente os quatro membros da família e ficou penalizado com a situação. Olhando para aqueles rostos cansados e subnutridos, perguntou ao dono como eles se sustentavam. O senhor respondeu:
Parábola da vaca
– Está vendo àquela vaca lá fora? Dela tiramos o leite que consumimos e fazemos queijo. O pouco de leite que sobra, trocamos por outras mercadorias na cidade. Ela é nossa fonte de renda e de vida. Conseguimos viver com o que ela nos fornece. O discípulo olhou para o mestre que jantava de cabeça baixa e terminou de jantar em silêncio. Pela manhã, o mestre e seu discípulo levantaram antes que a família acordasse e preparavam-se para ir embora quando o discípulo disse: – Mestre, como podemos ajudar essa pobre família a sair dessa situação de miséria? O mestre então falou: – Quer ajudar essa família? Pegue a vaca deles e empurre precipício abaixo. O discípulo espantado falou: – Mas a vaca é a única fonte de renda da família, se a matarmos eles ficarão mais miseráveis e morrerão de fome! O mestre calmamente repetiu a ordem: – Pegue a vaca e empurre-a para o precipício. O discípulo indignado seguiu as ordens do mestre e jogou a vaca precipício abaixo e a matou. Alguns anos mais tarde, o discípulo ainda sentia remorso pelo que havia feito e decidiu abandonar seu mestre e visitar àquela família. Voltando a região, avistou de longe a colina onde ficava o casebre, e olhou espantado para uma bela casa que havia em seu lugar. – De certo, após a morte da vaca, ficaram tão pobres e desesperados que tiveram que vender a propriedade para alguém mais rico. – pensou o discípulo. Aproximou-se da casa e, entrando pelo portão, viu um criado e lhe perguntou: – Você sabe para onde foi à família que vivia no casebre que havia aqui? – Sim, claro! Eles ainda moram aqui, estão ali nos jardins. – disse o criado, apontando para frente da casa. O discípulo caminhou na direção da casa e pôde ver um senhor altivo, brincando com três jovens bonitos e uma linda mulher. A família que estava ali não lembrava em nada os miseráveis que conhecera tempos atrás. Quando o senhor avistou o discípulo, reconheceu-o de imediato e o convidou para entrar em sua casa. O discípulo quis saber como tudo havia mudado tanto desde a última vez que os viu. O senhor então falou: – Depois daquela noite que vocês estiveram aqui, nossa vaquinha caiu no precipício e morreu. Como não tínhamos mais nossa fonte de renda e sustento, fomos obrigados a procurar outras formas de sobreviver. Descobrimos muitas outras formas de ganhar dinheiro e desenvolvemos habilidades que nem sabíamos que éramos capazes de fazer. E continuou: – Perder aquela vaquinha foi horrível, mas aprendemos a não sermos acomodados e conformados com a situação que estávamos. Às vezes precisamos perder para ganhar mais adiante. Só então o discípulo entendeu a profundidade do que o seu ex-mestre o havia ordenado fazer.
Procure em sua vida se não há uma vaquinha para empurrar no precipício ou se alguma já caiu e você não percebeu que foi algo bom. Perder um emprego, acabar um relacionamento e outras tantas outras coisas traumáticas são como marcos em nossas vidas, servem para mostrar que você passou por ali e sobreviveu, ficou melhor e mais forte. Se sua vida mudou por uma circunstância dessas, agradeça. Mesmo que pareça ruim agora, tudo leva a um caminho melhor, só depende de como você vê.
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